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24 de outubro de 2013

Um vazio. Uma saudade.

Querida Mãe Elsa,
Partiste há, sensivelmente, pouco mais de um mês e prometi a mim mesma escrever-te cartas a dizer-te tudo o que me faz desabar mas ainda não o tinha feito. Faltava-me coragem, faltava-me força para conseguir fazê-lo por se tratar de ti, por seres tu a quem me destino em relação aos meus desabafos. Agora que estás aí por cima a cuidar de mim dia e noite e que caminhas do meu lado esquerdo todos os dias para te certificares que não caio, peço-te que não te desiludas com tudo o que tens vindo a descobrir a meu respeito, quero que continues a amar-me incondicionalmente, eu preciso sentir esse amor mesmo vindo do além, mesmo vindo de longe e sem ninguém perceber.  Eu preciso de ti, preciso do teu abraço e um beijo na testa, a desejar-me o melhor, as saudades apertam e eu não sei lidar com tal facto, não sei como será daqui para frente, as lágrimas escorrem-me pela face abaixo sem ninguém saber o quanto estou triste, atingi o meu ponto de exaustão emocional, psicológica e física.
Eu não sei falar, apenas sei escrever e sentir-me um pouco mais leve mas de que me serve isso se não oiço uma palavra amiga, um conselho ou sinto um abraço? De que me serve afinal escrever se ninguém sente o que eu sinto e se lerem provavelmente nem o entenderão. Sinto-me vazia por dentro, há noites que sinto como se os meus órgãos estivessem a deixar de funcionar um a um enquanto derramo lágrimas silenciosamente para que ninguém me oiça, existe um desejo dentro de mim enorme que me faz querer ir ao teu encontro, sentir o teu cheiro e a leveza do teu abraço, os teus carinhos nos meus longos cabelos para eu adormecer ao teu lado. Onde estás afinal? Conversa comigo nem que seja através de um sonho, preciso de um sinal e ter a certeza que estás melhor do que se te tivesses mantido aqui ao meu lado.
Sinto-me debilitada e quase ninguém se está a aperceber disso, o falso sorriso que levo estampado no rosto diariamente tem levado às pessoas a acreditarem que estou bem, sinceramente faz falta sentir que alguém me conhece tão bem, ao ponto de me olhar nos olhos e ver a tristeza e o vazio que preenchem a minha alma. Por favor, segura a minha mão e faz-me sentir confortada e segura, eu preciso disso. Eu preciso desse conforto para me manter firme.
Eu amo-te incondicionalmente, estejas onde estiveres Mãe.

Um beijinho da tua “filha”, Leonor